Artes do Viver: cultivando conhecimentos e práticas de ressurgência é tema de Fóruns Permanentes

Texto: Maria Luiza Robles Arias e José Irani.

No último dia 11 (quarta-feira) os Fóruns Permanentes da Unicamp promoveram discussões acerca do tema: “Artes do Viver: cultivando conhecimentos e práticas de ressurgência". O
evento foi organizado por Joana Cabral de Oliveira, docente do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp; Priscila Ambrósio Moreira, pós-doutoranda do Departamento de Antropologia Social da Unicamp; Josiane Carine Wedig, professora da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e Uirá Garcia, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Os Fóruns Permanentes da Unicamp são realizados pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec) e visam promover a aproximação entre o pensamento acadêmico e a sociedade.

O Fórum mobilizou discussões sobre a brutalidade do sistema agrícola das “plantations”, que uniformiza a paisagem e irrompe com mudanças climáticas e pandemias. “Esse Fórum surge da necessidade de várias pessoas que estão dentro da universidade de produzir uma aliança que está fora do meio acadêmico”, comentou Joana, uma das organizadoras.

Sônia Mazzariol, gestora dos Fóruns, falou em nome da Proec. Ressaltou a importância do debate e agradeceu aos organizadores, palestrantes e aos presentes e desejou “que o dia de hoje seja muito produtivo”.

O evento seguiu-se com uma palestra-performance intitulada “aTERRAr: e se deixássemos de serHumano?”, realizada pela docente do Departamento de Arte Corporal da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Cláudia Millás. Com aproximadamente 50 minutos de duração, o trabalho buscou questionar a possibilidade de ser egocêntricos e separados da natureza e tornássemos Terranos, coabitando o planeta, de forma consentida. “A pergunta que me levou a desenvolver esse trabalho foi ‘o que é ser Humano?’” revelou Cláudia.

Após a apresentação, o evento prosseguiu-se com a mesa “Conhecendo Refúgios” onde os palestrantes, todos antropólogos, expuseram experiências vividas por meio de suas pesquisas de campo em diferentes territórios Brasileiros e além.

Uirá trouxe para o debate a perspectiva do canto dos povos indígenas do Maranhão e como eles o usam como forma de diálogo e refúgio. “Os cantos são verdadeiras tecnologias de conhecimentos. São formas de empoderamento. Os cantos em si, independente do conteúdo, são formas de agir, de cuidar, de resistir, de compor e conhecer refúgios”, contou.

Lucas de Mendonça Marques, pós-doutorando do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciência Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP), apresentou alguns de seus questionamentos da sua pesquisa de campo realizada em Tumaco, cidade do Pacífico Sul colombiano. Ele contou como a cidade foi tomada por atividades mineradoras e de cultivo único e as movimentações de retomada que presenciou. “Eu acho que todos os movimentos que eu acompanhei durante minha tese, os que eu estou interessado em pesquisar em um futuro próximo, envolvem diferentes operações de reativação, diferentes maneiras de retomar espaços físicos e espirituais que, no entanto, sempre haviam estado ali. Não se trata de voltar a um passado distante e imutável, mas de retomar seus próprios destinos”, revelou Lucas.

Guilherme Moura Fagundes, também pesquisador do Departamento de Antropologia da FFLCH, acrescentou ao debate discussões a respeito das suas pesquisas sobre o manejo intercultural do fogo e ecologias quilombolas com foco etnográfico no Cerrado brasileiro.

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