Seleção Brasileira Masculina de Futsal de Surdos treina no ginásio da Unicamp

A Seleção Brasileira Masculina de Futsal de Surdos treinou neste fim de semana (23 e 24), no Ginásio Multidisciplinar  da Unicamp (GMU), ligado à Pró-reitoria de Extensão e Cultura (Proec). Os atletas se preparam para o campeonato mundial, 5th World Deaf Futsal Championships 2023, que acontecerá em São José dos Campos, em novembro. As equipes brasileiras, masculina e feminina, participam da competição desde 2011. A seleção feminina é a atual campeã mundial, tendo conquistado o título em 2019, na Suíça, e a masculina, campeã Pan-americana, em Fortaleza, no ano passado. O alto nível esportivo, contudo, não tem garantido patrocínio para os times, que dependem de “vaquinha” para pagar deslocamentos, uniformes e taxas de inscrição (em dólar) para participação no Mundial. 

 

“A gente quer mostrar a capacidade dos surdos do Brasil de participar de um mundial. Nós temos um nível alto. Começamos há pouco tempo e o treinamento acontece só uma vez por mês que temos. Mas nós conseguimos. Nós fomos os campeões  dos jogos Pan-americanos, no ano passado. E esse ano continuamos a treinar com foco no mundial. Eu acredito que o Brasil é muito capaz de chegar na fase final”, afirmou Lucio Cruz, técnico da seleção.  

 

Apesar das dificuldades, o goleiro, Marcelo Lins, que jogou o mundial da Suíça, está confiante no desempenho do time. “No último campeonato, fomos com muita dificuldade, porque temos que pagar tudo do bolso. Não tivemos nenhum apoio. Alguns atletas de muito talento, não foram porque não tinha dinheiro”, lamentou. “Agora estamos aqui em casa, no Brasil. Eu tenho muita confiança na minha equipe. O nosso objetivo é pegar a taça”, afirmou. 

 

O time masculino conta com 14 atletas e 7 profissionais na comissão técnica, todos surdos, com exceção do coordenador técnico e intérprete, Luciano Germano, e o preparador de goleiros, que são ouvintes. De acordo com Germano, para participar da competição, os atletas têm que ter laudo de perda auditiva de 55 decibéis (grau moderado).

 

Segundo ele, as regras no futsal dos surdos são exatamente as mesmas dos ouvintes. A única adaptação é na arbitragem. “O apito eles não vão ouvir. Então, quando o árbitro tiver que apitar, ele vai sinalizar com uma bandeira”, explicou Germano. “Os surdos são visuais. Vêem a bandeira levantada porque algo aconteceu, então param o jogo”. Em jogos que incluem atletas surdos e ouvintes, o árbitro usa ambos: o apito pros ouvintes e a bandeira pros surdos. Foi o caso do amistoso com a equipe de futsal da Faculdade de Educação Física (FEF) da Unicamp, que aconteceu no sábado à tarde. 

 

Para o técnico do time da FEF, Renan Augusto, o jogo foi uma oportunidade excelente para o seu time. “É uma seleção brasileira! A gente fica muito feliz de conseguir jogar contra eles. É uma experiência muito boa pros meninos enfrentarem um time bom assim”, afirmou.

 

Da mesma forma, o professor Evandro Romão, da FEF, que fez a articulação entre a seleção e a Unicamp, exultou a oportunidade. “Acho que é legal ter essa interação. A FEF é reconhecida no meio esportivo paralímpico do Brasil. O comitê paralímpico tem muito ex-aluno da graduação de pós-graduação”, destacou Romão. Para ele, essa relação tem que ser construída também na quadra. “É na linguagem do esporte que a gente se entende”.

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