Texto: Maria Luiza Robles Arias
A Pró-reitoria de Extensão e Cultura (Proec) representou a Unicamp, no 1° Congresso Latino-Americano de Meios de Comunicação Universitários, que aconteceu na Universidade Nacional de La Plata (UNLP), na Argentina, no início de abril. O congresso, co-organizado pela Associação das Universidades do Grupo Montevidéu (AUGM), reuniu pela primeira vez comunicadores, pesquisadores, docentes e estudantes para debater a comunicação universitária no continente. O encontro foi marcado por manifestações de apoio às universidades públicas, que em diversos países, incluindo o anfitrião, vêm sofrendo ataques, mas também celebrou a união dos meios de comunicação universitários e o centenário da “Radio Universidad” da UNPL.
Segundo Gabriela Villen, gestora de Comunicação da Proec e representante da Unicamp na Comissão Permanente de Meios de Comunicação Universitários da AUGM, o caráter público da comunicação produzida pelas universidades foi um dos temas centrais do Congresso. “Há uma visão da comunicação das universidades como comunicação pública, que participa ativamente da construção democrática do país. Para além da comunicação institucional das universidades, há um entendimento de que os comunicadores universitários também têm essa função, de atuar no debate público”, contou. Para ela, essa perspectiva valoriza a função do comunicador das universidades, bem como aumenta sua responsabilidade. “Isso dá um peso, uma importância maior ao nosso trabalho. Dá aos profissionais e aos meios de comunicação universitários uma responsabilidade maior para com a sociedade, a partir do momento em que devem propor temas que não interessam aos meios de comunicação comerciais, mas interessam muito à sociedade discutir”, pontuou.
O Congresso foi dividido em sete grupos de trabalho, com mais de 400 expositores, 35 painéis, além de oficinas e reuniões. A Comissão Permanente de Meios de Comunicação Universitários da AUGM foi responsável pelas conferências “Meios universitários e democracia na América Latina” e “Comunicação pública e promoção do ensino, pesquisa e extensão universitária”, além de reuniões de trabalho e planejamento. Entre as proposições da Comissão, Gabriela destacou a campanha de apoio às universidades públicas, que será produzida no âmbito da AUGM, e uma Escola de Verão voltada para os comunicadores das universidades. “O objetivo é ser um espaço de capacitação, trocas e fortalecimento das equipes de comunicação das universidades parceiras”, explicou. Villen destacou ainda a definição da sede da próxima edição do Congresso, que acontecerá na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 2025.
A relação entre comunicação e extensão universitária também chamou a atenção da jornalista da Unicamp. “Em muitas instituições, os meios de comunicação estão vinculados às pró-reitorias de extensão. Isso também impacta sobre o entendimento da função desses canais e dos conteúdos veiculados”, refletiu Gabriela, que apresentou o trabalho “A Comunicação da Extensão e a Comunicação como Extensão”.
O encontro também foi palco de discussões relacionadas a tecnologias e suas inovações na área da comunicação e quais implicações elas geram. Na conversa “Rumo ao próximo centenário” , o jornalista e radialista Lalo Mir discutiu sobre essas mudanças e os desafios do avanço tecnológico, principalmente no que diz respeito ao rádio. “Antes não existia carreira de comunicação, é um elemento dos últimos 40 anos. Hoje existem muitas universidades com cursos de graduação ligados à comunicação, radiodifusão, produção e jornalismo. Quando eles se desenvolveram e explodiram, veio o digital e tivemos que nos adaptar a isso. Já não é apenas um trabalho, o desafio de hoje é gerar ideias, chamar a atenção e colocar em prática o que aprendemos”, afirmou.
